sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Como funciona a distribuição de filmes?


Introdução:

Você provavelmente já viu propagandas no jornal sobre os filmes que estão sendo exibidos. Às vezes, a propaganda diz "prorrogado" ou "convite especial". O que isto significa exatamente? E como esses filmes vão dos estúdios para o cinema?


Neste artigo, você vai conhecer o caminho percorrido por um filme desde sua concepção até a tela do cinema. Você vai aprender sobre os custos operacionais, descobrir a diferença entre negociação e preço fechado e finalmente entender por que a pipoca do cinema é tão cara.

Este é o caminho que um filme geralmente percorre até chegar ao cinema:

  •  alguém tem uma ideia para um filme;
  •  cria-se um esboço que é usado para promover o interesse pela ideia;
  •  um estúdio ou investidor independente decide comprar os direitos sobre o filme;
  •  profissionais se reúnem para fazer o filme (roteirista, produtor, diretor, elenco e equipe técnica);
  • o filme é finalizado e enviado ao estúdio;
  •  o estúdio faz um acordo de licenciamento com uma empresa de distribuição;
  •  a empresa de distribuição determina quantas cópias do filme devem ser feitas;
  • a empresa de distribuição exibe o filme (projeção) para os possíveis compradores, que são ninguém mais que os cinemas;
  • os compradores negociam com a empresa de distribuição os filmes que desejam contratar os termos deste contrato;
  • as cópias são enviadas aos cinemas poucos dias antes da estreia;
  • o cinema exibe o filme durante um número específico de semanas (contrato);
  •  você compra o ingresso e assiste ao filme;
  • no fim do contrato, o cinema envia a cópia de volta à empresa de distribuição e realiza o pagamento do acordo.






Algumas dessas etapas podem ser combinadas e, principalmente no caso de pequenos filmes independentes, outras etapas podem ser necessárias. Como você pode ver, muita coisa acontece antes de um filme ser exibido para uma platéia de pagantes.

A arte de negociar

Dizem que fazer um filme não é tão difícil quanto vê-lo distribuído. Em função da enorme quantidade de tempo e dinheiro envolvida na distribuição de um filme, um distribuidor precisa ter certeza de que terá um retorno satisfatório para o seu investimento. Ter o apoio de um grande estúdio, de um diretor ou de um ator bem conhecidos pode melhorar muito as chances de conseguir um bom acordo de distribuição. Os cineastas independentes aproveitam os festivais de cinema para chamar a atenção dos distribuidores. Se um distribuidor estiver interessado em um filme, as duas partes chegam a um acordo que se baseia em um destes dois modelos financeiros:

     • contrato
     • divisão de lucros

No modelo do contrato, o distribuidor concorda em pagar uma quantia fixa pelos direitos de distribuição do filme. Por outro lado, se o distribuidor e o estúdio fizerem um acordo de divisão de lucros, o distribuidor fica com uma porcentagem (em geral entre 10 e 50%) do lucro líquido do filme. Ambos os modelos podem ser bons ou ruins, dependendo de como o filme se sai nas bilheterias. Estúdios e empresas de distribuição procuram sempre prever qual modelo será o mais lucrativo.

A maioria dos grandes estúdios tem suas próprias empresas de distribuição. A Disney (em inglês), por exemplo, é dona da Buena Vista, uma grande distribuidora. As vantagens evidentes disto é que fica muito mais fácil estabelecer um acordo de distribuição e a matriz não precisa dividir os lucros com outra empresa. O grande problema acontece quando um filme caro é um fracasso: não há ninguém para dividir os custos. Este é o principal motivo pelo qual muitos estúdios tiveram parceiros nas grandes produções dos últimos anos. "Star Wars: Episodio I" (em inglês), por exemplo, foi produzido inteiramente pela Lucasfilm (em inglês), mas foi distribuído pela Fox (em inglês).

A próxima grande etapa acontece logo que a empresa de distribuição adquire os direitos sobre o filme. A maioria dos distribuidores não só fornece o filme para os cinemas como obtém os direitos acessórios para distribuir o filme em VHS, DVD, para TV a cabo e para as redes de TV. Também há os direitos sobre CDs de trilha sonora, cartazes, jogos, brinquedos e outros produtos.

Quando um distribuidor contrata um filme, tenta determinar a melhor estratégia para sua estréia. A estréia é a primeira exibição oficial de um filme. Há muitos fatores a considerar:

   • o estúdio
   • o público-alvo
   • o apelo dos protagonistas
   • os comentários
   • a temporada

Um filme que tenha tudo isso - o apoio de um grande estúdio, grandes estrelas e uma ótima história - vai estrear e ter muito sucesso. Se ele tem grandes estrelas mas parece que não vai longe, o distribuidor pode escolher colocar este filme no maior número possível de cinemas durante seu primeiro contrato. Poucos cinemas estarão interessados em filmes com um elenco desconhecido ou pouco comentado. Às vezes um filme rende bons comentários, mas não terá muito apelo popular por causa do público ao qual se dirige. Também pode ser a época do ano errada para um determinado tipo de filme. Uma história de Natal, por exemplo, não terá muito sucesso se estrear em maio.

Todos estes fatores ajudam o distribuidor a determinar o número de cópias que devem ser feitas. Cada cópia custa em média entre US$ 1.500 e US$ 2 mil, portanto o distribuidor deve considerar o número de cinemas em que o filme pode estrear com sucesso. Muitas das 37 mil telas de cinema dos Estados Unidos estão concentradas nas áreas urbanas. Um filme popular pode encher muitos cinemas na mesma cidade, enquanto outro terá uma audiência menor. Já que estrear um filme em 3 mil salas de cinema pode custar US$ 6 milhões só pelas cópias, o distribuidor deve ter certeza de que o filme é capaz de atrair público suficiente para fazer os custos valerem a pena.

A maioria dos cinemas utiliza compradores para representá-los nas negociações com as empresas de distribuição. Grandes cadeias, como a AMC Theatres (em inglês) ou a United Artists (em inglês), empregam compradores, enquanto cadeias menores e cinemas independentes utilizam um comprador. O processo de negociação é bastante político. Em geral, os compradores aceitarão um filme que não interessa muito aos cinemas para assegurar um filme que eles querem muito. Os distribuidores tentam equilibrar os filmes que eles contratam entre os cinemas de uma mesma região, para garantir que os cinemas continuem trabalhando com eles. Às vezes, um cinema consegue um contrato exclusivo ou especial para fazer a estréia do filme. Quando um comprador se interessa por um filme, os termos do contrato são discutidos

A necessidade de estabelecer concessões

Há duas maneiras de um cinema contratar um filme:

   • preço fechado
   • porcentagem

O preço fechado exige que o cinema concorde em pagar uma quantia fixa pelo direito de exibição do filme. Um cinema pode pagar, por exemplo, US$ 100 mil por um contrato de quatro semanas. Durante este período, ele pode arrecadar US$ 125 mil, rendendo um lucro de US$ 25 mil ou pode arrecadar apenas US$ 75 mil, o que significa prejuízo de US$ 25 mil. Poucas empresas de distribuição usam este sistema atualmente. A maioria dos acordos estabelecem uma porcentagem da bilheteria (venda de ingressos).

Nesse modelo de negócio, o distribuidor e o cinema acordam vários termos:
   • o cinema negocia a quantia de reembolso da casa ou o custo operacional com o distribuidor. É uma espécie de quantia fixa para cobrir as despesas básicas de cada semana;
   • a porcentagem de divisão da bilheteria líquida é estabelecida. É o valor de bilheteria que resta depois da redução do reembolso da casa;
   • a porcentagem de divisão da bilheteria bruta é estabelecida;
   • a duração do contrato é estabelecida (em geral, quatro semanas).

O distribuidor fica com a maior parte do dinheiro arrecadado pelo filme. O acordo dá ao distribuidor a porcentagem combinada que for maior, a bilheteria líquida ou a bilheteria bruta. É incrível como isto funciona!

Considere este exemplo. O cinema A está negociando um novo filme com o distribuidor B. O cinema entende que as despesas (o chamado custo operacional) giram em torno de US$ 4.500 por semana. A porcentagem líquida do distribuidor é estabelecida em 95% para as duas primeiras semanas, 90% para a terceira e 85% para a última. A porcentagem bruta do distribuidor é estabelecida em 70% para as duas primeiras semanas, 60% para a terceira e 50% para a última.


Você pode perceber que durante as três primeiras semanas a porcentagem bruta é maior. A porcentagem líquida é maior na quarta semana. Portanto, o distribuidor fica com a porcentagem bruta sobre as três primeiras semanas e com a líquida sobre a quarta. Na primeira semana o cinema não ganha nem perde; na segunda ele perde dinheiro; nas duas últimas semanas, tem lucro.

O filme é considerado um artigo promocional pelo dono do cinema: ele deve atrair as pessoas. O cinema ganha seu dinheiro vendendo guloseimas para a platéia. É por isto que as concessões são tão caras: sem os lucros gerados pela pipoca e pelos refrigerantes, a maioria dos cinemas não conseguiria permanecer funcionando.

No final do contrato, o cinema paga ao distribuidor sua cota da renda da bilheteria e devolve a cópia. Se um filme for muito popular e continuar atraindo um público contínuo, o cinema pode renegociar uma extensão do contrato. Toda vez que você vir a frase "prorrogado", saberá que o cinema prorrogou o seu contrato.
Se por um lado a primeira temporada dos filmes que acabaram de ser lançados são artigos de promoção, a exibição de filmes que saíram de cartaz há algum tempo pode ser lucrativa para os cinemas. Os cinemas que exibem a segunda temporada em geral conseguem acordos bastante atraentes com o distribuidor. No entanto estes cinemas estão enfrentando uma competição cada vez maior, já que os cinemas de primeira temporada vêm rotineiramente prolongando o tempo de exibição dos filmes para além do período de quatro a seis semanas.


FONTE: HowStuffWorks

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